Palestra sobre mulheres e filosofia lota auditório da Adufs

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Debate trouxe à tona diversas questões sobre o pensamento feminista (Carolina Timoteo/ADUFS)
Debate trouxe à tona diversas questões sobre o pensamento feminista (Carolina Timoteo/ADUFS)

Com seu auditório lotado, a ADUFS sediou na noite da última quarta-feira (22) a palestra "Mulheres e a Filosofia". Com a presença das professoras Magali de Menezes (UFRGS), Carla Coelho (UNIT), Maria Batista Lima (NEABI/UFS) e mediação do professor e diretor da ADUFS Romero Venâncio, a atividade foi organizada pelos Departamentos de Filosofia e de Educação da UFS, NEABI/UFS, ADUFS e PPGED e contou com o apoio da PROMOB/CAPES/FAPITEC.

Ao abrir a mesa, a professora Magali de Menezes agradeceu o convite e a oportunidade de retornar a Sergipe e se apresentou como uma pensadora de perspectiva feminista. "Pensar o feminismo é pensar uma forma de compreender e de contribuir com o mundo de forma mais coletiva. O feminismo é uma bandeira que deve atravessar todos nós", defendeu.

Como boa provocadora, Magali partiu do pressuposto de que a filosofia não existe, mas sim “as filosofias”, constatando o fato de que não existe um único modo de se fazer problematizações e encontrar soluções. “A filosofia é etérea, porque a filosofia somos todos nós que nos propomos a fazer filosofia", argumentou. 

Magali também refletiu sobre a contemporaneidade e como a construção do pensamento filosófico é variável conforme seu território. Parafraseando o pensador Enrique Dussel, lembrou do fazer filosófico engajado dos latino americanos: "fazemos filosofia da forma como nos indignamos com o mundo”.

Assim, ela ressaltou a responsabilidade que a filosofia tem com seu tempo e a necessidade de se fazer debates que não são tão simples, mas emergentes para a sociedade diante de realidades trágicas de violência, epistemicídio e feminicídio.

Por fim, Magali de Menezes encerrou sua fala listando três desafios para a filosofia contemporânea: 1 - Reconstruir a história da filosofia a partir de outros recortes e outros elementos: lugar, territorialidade, perspectiva crítica, recorte de gênero; 2 - Resgatar as mulheres que fizeram parte da filosofia, dos mitos até os dias de hoje; 3 - Reconstruir a história demarcando sempre o lugar das mulheres, em especial aquelas que têm escrito sobre sua própria realidade de gênero. 

Filosofia é diversidade
O debate seguiu com explanação da professora Maria Batista Lima, que levantou a importância de debater as questões étnico-raciais visto que a concepção do que é ser negro passa pela colonização, pelo apagamento do pensamento cultural e pela cosmovisão africana - interiorização do próprio ser, produtor de pensamento e cultura. Como exemplo, a professora leu uma citação de Hegel que fala sobre o continente africano e seus povos com uma perspectiva eurocêntrica, definindo-os como sem racionalidade, sem ciência e sem conhecimento.

"A visibilidade das intelectuais negras e até mesmo a compreensão e especificidade dessas mulheres dá-se a partir da luta dos movimentos sociais. Temos avançado em relação à devida representação, mas ainda temos muito o que avançar", afirmou Maria.

A professora comentou que ainda é muito comum estudantes, crianças e adolescentes desconhecerem intelectuais negros, citando referências como Lélia Gonzáles e Beatriz Nascimento. Maria Batista finalizou levantando um desafio para aqueles que atuam na educação: formar pensamento e subsidiar práticas que promovam a valorização das ancestralidades e a equidade entre os diferentes pertencimentos, sobretudo interligando esses debates de forma que ele retorne para a própria comunidade negra. Todas essas práticas perpassam pela luta antirracista.

Para fechar o debate, a professora Carla Coelho falou um pouco sobre os elementos que ela estuda no campo da filosofia: a epistemologia e ética da alteridade. Ela trouxe a reflexão de que a mulher na ideia de alteridade foi construída a partir da comparação com o homem, problematizando a forma de pensamento cartesiano, onde a forma de construção de racionalidade parte da negação do outro.

E finalizou indagando: "como é que se construiu uma lógica de pensamento que levou ao entendimento da mulher como um ser inferior? É uma relação muito estreita com a construção de valores".

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