Sara Granemann desmascara capitalização da Previdência

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Professora Dra Sara Granemann explica os males do sistema de capitalização (Carolina Timoteo/ ADUFS)
Professora Dra Sara Granemann explica os males do sistema de capitalização (Carolina Timoteo/ ADUFS)

Na noite da última sexta-feira (24), aconteceu mais uma mesa da série de debates "Brasil em crise". Desta vez o tema foi "Previdência, crise e perspectivas", com a presença da professora Dra Sara Granemann (UFRJ), pesquisadora da Previdência Social há mais de 20 anos e especialista no tema.

Sara explicou que as reformas propostas desde os anos 90 e a implementação do regime de capitalização são ataques ideológicos à Previdência Social - sistema de solidariedade geracional e de classe. "Eu escolho falar sobre a capitalização porque ela é a razão de ser dessa reforma, é um tema complexo que a classe trabalhadora precisa compreender para negá-la", afirma a professora.

Através do regime de capitalização, ou fundos de pensão, o dinheiro arrecadado é investido em títulos da dívida pública e em ações na bolsa de valores. Para se ter rendimento através dos títulos, é preciso que o governo faça cortes sociais, ou seja, o dinheiro que deveria se reverter para a saúde e educação da população é direcionado para cobrir gastos dos grandes capitais. Já a valorização das ações da bolsa de valores está ligada diretamente ao aumento da exploração do trabalho e terceirizações.

No Brasil, temos mais de 40 fundos de pensão. Os mais importantes estão ligados à entidades que eram estatais e que foram privatizadas, sendo algumas transnacionais, criando lei que institui a previdência privada aberta e fechada. A previdência complementar fechada depende da contribuição do patrão, Estado, trabalhador ou empresa, já a previdência complementar aberta depende somente da contribuição da pessoa, seja ela o trabalhador ou não.

"A burguesia nacional e internacional não quer abrir mão da reforma da Previdência Social porque ela é superavitária, não têm lugar do mundo em que eles consigam acessar tanto dinheiro. É uma guerra e por isso vamos a ela. Eu digo: presente!", exclamou Sara.

A capitalização no Chile
A capitalização implementada no Chile surgiu um pouco depois da brasileira, mas foi instituída toda de uma vez de forma obrigatória durante a ditadura de Pinochet. Ela funciona como a previdência complementar aberta, gerando fortes padecimentos à população. Atualmente, o Chile bate recorde de suicídio entre idosos.

"A ditadura de Pinochet destruiu todo o parque econômico do Chile.  A economia chilena dolarizada é extremamente cara, 78% das aposentadorias da população são menores do que um salário mínimo˜, informa Sara.

Educação e Previdência
Segundo a professora, o ódio ideológico do governo à universidade pública se revela nas condições propostas para a aposentadoria. "O intuito é destruir a estrutura de pesquisa e produção de conhecimento."

Sara explica também que a PEC é misógina: "dentre os regimes próprios as mais atingidas são as mulheres, de todos os trabalhadores são as mulheres professoras as que tiveram as maiores exigências. Deverão se aposentar com 62 anos sob a desculpa de que as mulheres trabalham menos, não é um descuido do legislador".

"A queda vertiginosa da adesão ao Bolsonaro já superou os índices de aprovação e isto nos diz muito, é a Previdência que as pessoas estão começando a entender, por isso eles tem pressa, quanto mais rápido puder passar pelo Congresso melhor", analisa Sara.

Perspectivas: luta e virada da previdência!
Como perspectiva, a professora ressalta a importância de se disputar a política diariamente: "estou dando cursos explicando funcionamento em vários estados para as pessoas irem para a rua. Uma coisa que deu certo e o que sabemos fazer é trabalho de base, o vira voto, temos que virar a Previdência".

Sara Granemann finalizou analisando os atos em defesa da educação ocorridos no último dia 15: "foram muito grandes e já capilarizaram em muitas cidades do interior. Então camaradas, nos vemos na luta e nas ruas, dias 30 e 14 serão maiores!".

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