Ensino Remoto Emergencial: Pontos críticos

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Em face da atual pandemia, da desvalorização da educação pública e das pressões pela implementação do Ensino Remoto, muitos professores e professoras estão questionando seus papéis frente à sociedade.

Buscando compreender os anseios dos/as docentes da Universidade Federa de Sergipe, a ADUFS realizou uma enquete preliminar, com poucas perguntas, para nortear as suas ações em defesa de uma educação que não amplie desigualdades.

Vale frisar que essa foi “apenas a primeira ação de um monitoramento que será mais amplo e permanente, de forma a compreendermos a visão dos professores da UFS sobre o Ensino Remoto Emergencial e também de modo a definirmos estratégias de denúncia e encaminhamento dos possíveis problemas identificados”, explica Beatriz Freitas, diretora da ADUFS.

64 professoras e professores responderam ao questionário. Abaixo, os números da enquete e os comentários da Diretoria da ADUFS sobre os principais pontos.

Na Questão 1 da enquete, “Você acredita que a formação dos discentes terá a mesma qualidade no Ensino Remoto Emergencial?”, as respostas foram:

SIM – 11,1 %

NÃO – 88,9 %

 

Entre os comentários apresentados para esta questão, a falta de condições adequadas e de capacitação suficiente foram os principais argumentos para a conclusão de que a qualidade da capacitação ficará prejudicada com o Ensino Remoto Emergencial.

Por outro lado, o argumento de que seria pior ficarmos parados e o fato de estarmos recebendo nossos salários foram os argumentos mais apresentados para defender que não haveria queda de qualidade.

 

A Questão 2 – “Você avalia ter condições técnicas (internet suficiente, proficiência nas plataformas etc.) para o ensino remoto?” - apresentou os seguintes resultados:

SIM – 35,0 %

NÃO – 65,0 %

 

A maioria dos docentes que responderam “não” disse que não se sente segura com o uso das plataformas, ainda que tenham feito alguns cursos, ou que sua internet não seria confiável.

Entre os comentários de pessoas que responderam “sim” à questão, temos os argumentos de que este aprendizado pode enriquecer o material das aulas, que o período 2019.4 já foi um aprendizado e que professores universitários necessariamente devem ter os equipamentos necessários já que devem acessar o SIGAA, fazer submissões de artigos científicos, livros etc.

 

Na Questão 3, “Você acredita que os estudantes terão condições técnicas para participar das aulas e atividades remotas?”, os resultados são os seguintes:

SIM – 30,2 %

NÃO – 69,8 %

 

Entre os argumentos que sustentam a hipótese de que os alunos teriam condições de acesso, estão a citação dos editais que estão sendo ofertados pela administração; que a maioria dos alunos tem pelo menos um celular conectado à internet; que a tecnologia é natural para a nova geração e que os alunos que não tiverem condições poderiam trancar o semestre sem prejuízo.

Sustentando que os estudantes não teriam condições técnicas para participar das aulas e atividades remotas os argumentos mais recorrentes foram quanto às condições de moradia (tanto físicas quanto de excesso de familiares convivendo em pequenos espaços), pacotes limitados de internet, cidades sem acesso algum à internet.

 

A Questão 4, “Você é a favor do ensino remoto emergencial?”, foi respondida nos seguintes termos:

SIM – 45,2 %

NÃO – 54,8 %

 

A grande maioria dos professores/as a favor do ensino remoto emergencial declarou que não há alternativa para a situação; que os alunos precisariam de um diploma e, por isso, precisam estudar de qualquer forma possível; alguns não terão bom rendimento, mas que poderão não cursar o ERE.

Enquanto isso, a maior parte dos que foram contrários ao ERE declararam se colocar a favor quando ambas as categorias, docentes e discentes, tiverem condições plenas para esta modalidade; que poderiam ser oferecidos cursos e capacitações em um semestre suplementar, ao invés de um semestre regular. Também alguns docentes declararam ser necessária melhor preparação e uma maior discussão sobre o assunto antes de sua implementação.

Alguns dos questionamentos foram: Quantidade de livros em português com acesso digital pelas plataformas da Biblioteca Central. Vamos indicar livros em inglês? Daremos aulas televisionadas? Com duração de uma hora? E a didática fica onde? Cursos de capacitação – cursos de vídeo?

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