Organizações da sociedade se posicionam contra intervenção na UFS
A intervenção do Ministério da Educação na Reitoria da Universidade Federal de Sergipe, com a nomeação de Liliádia da Silva Oliveira Barreto como reitora pró-tempore da instituição, gerou repúdio e indignação de diferentes setores da sociedade sergipana e brasileira que veem esse como mais um ato contra a autonomia e a democracia na universidade.
Em uma nota pública conjunta, a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e a Executiva Nacional dos/as Estudantes de Serviço Social (ENESSO) enfatizam que a medida é “arbitrária” e “contraria as conquistas democráticas historicamente construídas no campo da autonomia universitária”.
As entidades do campo do Serviço Social ressaltam também que a intervenção na UFS não é uma ação isolada, mas parte da prática do atual Governo Federal de sucessivos ataques às universidades e ao projeto democrático que legitima e respeita as instâncias decisórias existentes no interior dessas instituições públicas.
“Tal postura autoritária, fascista e truculenta tem sido a tônica do projeto ultraneoliberal do governo Bolsonaro que elege, entre outros, a ciência e as universidades, como inimigos de seu governo e tenta, de todas as formas, aniquilar, pela sua política negacionista, o papel fundamental que a ciência e as universidades têm na construção do conhecimento e deste na materialização de alternativas para os males que afligem nossa sociedade, como tem sido o caso do importante papel destas Instituições no avanço de descobertas e vacinas com relação ao novo coronavírus”, destacam a ABEPSS, CFESS e ENESSO.
O documento das três entidades faz também referência a uma manifestação pública do Conselho Departamental de Serviço Social que, na última segunda-feira, 23/11, expressou “profunda indignação” com a indicação e o aceite da nomeação de uma professora do departamento. “Repudiamos o modo como se deu tal indicação, bem como o seu aceite. O fato manifesta uma expressão da perigosa escalada autoritária em nossas universidades, como parte do avanço do projeto conservador na própria sociedade brasileira”, declarou o Conselho Departamental.
O ANDES-SN qualificou a intervenção como “mais uma ação arbitrária do governo Bolsonaro”. Para a diretoria do sindicato nacional docente, “a escalada antidemocrática sobre as universidades está alicerçada em um projeto autoritário e subserviente para o Brasil, que visa atacar os direitos conquistados pela classe trabalhadora e o aprofundamento do caráter dependente da economia do país”.
A CSP-Conlutas critica as sucessivas posturas de desrespeito à comunidade acadêmica, que culminaram na intervenção. “O comportamento autoritário vem ocorrendo desde as eleições para reitor e vice-reitor, que aconteceram neste ano. Walter Joviniano, atual vice-reitor da universidade, foi indicado pelos Conselhos Superiores ao processo eleitoral sem ter passado pela Consulta Pública”, diz um trecho de nota da central sindical a qual a ADUFS é filiada.
Ao prestar solidariedade às professoras, estudantes e técnico-administrativos, a CSP-Conlutas entende que “o que ocorre neste momento com a UFS é resultado do governo Bolsonaro, que com sua conduta autoritária, silencia as liberdades democráticas em todas as esferas de nosso país”.
Professor do Departamento de Engenharia de Materiais e membro da CSP-Conlutas Sergipe, Marcelo Ueki pontua que a intervenção é parte “das ações de um governo anticiência, contra a vida e, portanto, temos que reagir de forma firme e com grande unidade de toda a classe trabalhadora”.
Também se posicionando contra a intervenção na única universidade pública situada em Sergipe, a Central Única dos Trabalhadores frisou a importância da UFS para o desenvolvimento do estado e defendeu o protagonismo da comunidade acadêmica nas definições dos rumos da instituição. “Apesar dos numerosos problemas que a instituição ainda enfrenta, obteve conquistas consideráveis para a formação de jovens, produção de conhecimento e ampliação da cultura e artes. Desta forma, pelo fortalecimento desta instituição democrática e em defesa da também recente e frágil democracia brasileira, a CUT Sergipe repudia a nomeação da interventora por compreender que as questões internas da UFS devem ser, antes de mais nada, discutidas e decididas por sua comunidade”, aponta.
Leia aqui a nota da ABEPSS, CFESS e ENESSO
Leia aqui a nota da CSP-Conlutas