Dupla apresenta Trimodalismo Nordestino na ADUFS Cultural

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Da guitarra e do violão saíram sons que evocavam na lembrança cenas típicas, como uma paisagem sertaneja, sol baixo no horizonte, um chão de terra que levanta poeira e cangaceiros rumando para o perigo. Notas ora de alegria, ora de lamento, inquietantes e atraentes ao mesmo tempo, fazendo o expectador se reconhecer e se sentir em casa ao ouvir um sistema de composição que não se encontra em nenhum outro lugar além do Nordeste brasileiro.

Assim foi a apresentação musical “Trimodalismo Nordestino”, da dupla Fred Andrade - guitarra – e Ricardo Vieira - violão de 7 cordas -, em mais uma edição da ADUFS Cultural que aconteceu no dia 30 de agosto, no auditório da ADUFS. Estavam presentes professores e estudantes, tanto leigos quanto da área de música, todos acompanhando e sentindo um som de nome estranho, porém familiar aos ouvidos.

Segundo Ricardo, o trimodalismo Nordestino foi uma tentativa que o compositor brasileiro José Siqueira teve de criar um sistema que proporcionasse criar música brasileira, que seria a música do Nordeste. José Siqueira então fez um recorte no Brasil e considerou que a raiz da miscigenação indígenas/África/Europa está presente no Nordeste, nas cantigas do folclore, no repente, no aboio, concentrando uma mistura genuinamente nacional.

Partindo da teoria musical, o trimodalismo é formado por 3 escalas. José Siqueira dá um nome para cada uma: escala real 1, segunda escala real e terceira escala, chamada de mistura nacional. A relação dessas 3 escalas forma a sonoridade do folclore e um sistema de composição nacional.

“(José Siqueira) influenciou uma série de outros compositores, criou uma história em cima disso ai. Mas também não é algo muito difundido. A música tradicional europeia, no sentido de composição, ainda é o que você vai encontrar aqui na universidade, por exemplo”, explicou Ricardo.

Essa foi a primeira apresentação da dupla com esse tema, porém, eles já possuem projetos juntos, com participação em CDs, produção, gravação, tocadas entre eles e com outros músicos. A expectativa é que surjam outras oportunidades de tocar o trimodalismo. “É muito interessante. Não cansa, é bom para o músico e o leigo curte, escuta e se sente ali. O cara diz ‘eu me reconheço ai’”, afirmou Fred.

O estudante do curso de Música da UFS, Everson Vimes, aluno do professor Fred, descreveu a experiência como ouvinte do show. “Sabe quando a música vai além da música, além do som? É como se a gente estivesse ouvindo e percebendo a cor de cada notinha, de cada som que estava sendo emitido. É o cheiro do Nordeste que vem na música, a cor do Nordeste que vem na música, é muito além de som. São notinhas que deslocadas, mexidas de um lugar pro outro, causam esse efeito todo”, relatou.

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