Comunidade acadêmica discute cortes com reitoria

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Como resultado da manifestação ocorrida na UFS no início do mês de agosto, para que a reitoria abrisse as contas da universidade diante da iminência de cortes no orçamento, no dia 11/08, representantes dos professores, técnicos e estudantes participaram de um Debate Público com a equipe gestora da reitoria. Na ocasião, os pró-reitores abordaram a execução orçamentária até o momento praticada pela universidade e a previsão para o futuro.

Participaram da mesa de debate o presidente da ADUFS, professor Airton Paula; o presidente do SINTUFS, o técnico-administrativo Fábio dos Santos; o representante do DCE, o estudante Júnior Silva, e da equipe gestora da reitoria o pró-reitor de Planejamento, professor Rosalvo Ferreira; o pró-reitor de Assistência Estudantil, professor Mario Adriano; e o pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa, professor Lucindo José Quintans. O reitor, professor Ângelo Antoniolli, ausentou-se do debate.

Em sua fala, o professor Airton ressaltou que o contingenciamento do governo nos setores sociais parte do projeto liberal de desmonte do insipiente estado de bem-estar social. Segundo o professor, a situação será ainda pior em 2018, com a Emenda Constitucional que congela os gastos durante 20 anos, significando precarização ainda maior do serviço público que já necessita de mais investimento, como se observa na Educação e no SUS. Apesar do disso, “ninguém mexe nos juros da dívida, é uma política feita para o grande capital e capital financeiro”, afirmou Airton.

O professor Rosalvo admitiu que o quadro é crítico e que o país está em déficit operacional, ou seja, não conseguiu arrecadar suficiente para pagar o setor público. A dotação orçamentária para a UFS pode ser contingenciada em 15%, porém, ele voltou a afirmar que não há risco de a universidade paralisar suas atividades acadêmicas e administrativas em setembro, pois há empenhos para todo o período equivalente à liberação do recurso. Ele também trouxe a informação que a bancada federal tem contribuído para a universidade, e que por isso ela esta em situação melhor que outras pelo país.

Segundo o professor Lucindo, o cenário para a pesquisa a partir do próximo ano é preocupante. Os cortes via CNPq em abril deste ano ficaram em torno de 44%, hoje já chega aos 52%, citou o professor, alertando para o atraso que esses cortes trarão para a pesquisa no país. “Se não houver um movimento organizado da sociedade sobre a proteção da nossa ciência e tecnologia, voltaremos à idade das trevas”.

A Pró-reitoria de Assistência Estudantil está com 92% de seus recursos empenhados e não haverá redução de bolsas, informou o professor Mario Adriano. Ele explicou que as equipes de planejamento dos campi estão utilizando os limites previstos para otimizar os benefícios, mas, em suas próprias palavras, “otimização não configura um quadro florido”. “A situação da assistência é ‘possível’, não é a que gostaríamos de ter. A gente visualiza a quantidade de alunos que se candidatam aos auxílios, em torno de 8 mil alunos em cada edital, e a gente tem que hierarquizar dentro de uma vulnerabilidade extrema. Para o gestor, não é fácil trabalhar com isso”, afirmou.

As categorias ainda questionaram que, apesar de não haver risco de suspensão das atividades por ora, a universidade está em condições precárias, situação que existe antes mesmo do projeto de contenção de gastos do governo, com problemas em prédios antigos, remanejamento de cursos para São Cristóvão por falta de espaço ou condição física nos demais campi. “Não há previsão de ampliação de recursos nas universidades”, disse a professora Sônia Meire, lembrando que a UFS está trabalhando com poucas condições estruturais, a exemplo do Restaurante Universitário, que precisa com urgência de ampliação para atender à maior demanda de estudantes.

O debate finalizou com a necessidade de realização de mais encontros com a equipe gestora a fim de munir a comunidade acadêmica de informações necessárias para lutar contra a precarização da universidade e contra a implantação da terceirização como alternativa ao corte de recursos.

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