Massacre dos Carajás completa 22 anos de impunidade

Há mais de duas décadas acontecia no Pará uma das maiores chacinas da história do Brasil. Trabalhadores sem terra, que ocupavam a fazenda Macaxeira, decidiram marchar até Belém, capital paraense, para reivindicar do governo do estado a desapropriação da terra e o assentamento das mais de cem famílias no local. Durante a marcha, decidiram por bloquear uma rodovia a fim de iniciar as negociações com o governo, mas o que ocorreu foi uma das maiores chacinas da história do Brasil. Cerca de 150 policiais assassinaram 21 integrantes do Movimento Sem Terra (MST), e deixaram feridas outras 69 pessoas. Conhecido como Massacre dos Carajás, por ter ocorrido em Eldorado dos Carajás, o crime ganhou repercussão nacional e internacional, mas muitos dos envolvidos nunca foram punidos.
Jornada de Lutas por Reforma Agrária
Em memória ao Massacre dos Carajás e como um pedido por justiça, o MST promove desde o dia 10 uma semana especial, de jornada de lutas por reforma agrária no Brasil, com ocupações de terras e atos políticos em diversos estados. Além de lembrar o massacre, denunciam o aumento no número de assassinatos de lideranças do campo, a paralisação generalizada da reforma agrária nos últimos anos e o assassinato da vereadora do PSol/RJ, Marielle Franco, e seu motorista, Anderson Gomes (COLOCAR LINK DA MATÈRIA DA MARIELLE). “Estamos realizando diversos atos pelo Brasil, pela memória dos trabalhadores assassinados há 22 anos em Carajás, contra a impunidade dos criminosos. Além diss,o pela construção da luta com uma resistência ativa, pelo processo de unidade da classe trabalhadora e pelo fortalecimento do trabalho de base e pela formação política e ideológica das pessoas” explicou Marina de Souza, da direção nacional do MST.
Cresce a violência no campo
Dados divulgados nesta segunda-feira, 16, pela Comissão da Pastoral da Terra (CPT) apontam que os assassinatos em conflitos no campo em 2017 chegaram ao seu maior número desde 2003, com 70 mortes, o que significa um aumento de 15%, em relação aos dados do ano anterior (2016). Em seu relatório, a CPT ressalta ainda que, além dos dados apresentados, há inúmeros assassinatos não registrados no relatório. “A publicação da CPT é apenas uma amostra dos conflitos no Brasil”, diz Dom Tomás Balduino, bispo emérito de Goiás (GO) e um dos fundadores da Pastoral. Os números da violência no campo começam a ter crescimento brusco a partir de 2015, e o estado do Pará, lidera o ranking com 21 pessoas assassinadas.
Ainda segundo a CPT, dos 70 assassinatos em 2017, 28 ocorreram em massacres, o que corresponde a 40% do total. No ano, passado a Comissão lançou um portal específico sobre os massacres no campo, com registros desde 1985. No ranking geral desses últimos 32 anos, o Pará também é o estado que lidera o ranking de assassinatos, com 26 massacres e 125 vítimas.
Mais uma liderança assassinada
No último domingo (15), o corpo de uma liderança quilombola, assassinada à tiros, foi encontrado na zona rural do Acará, no Pará. A vítima, Nazildo dos Santos Brito, foi presidente da Associação de Moradores e Quilombolas do Alto Acará, era ativista e denunciava o desmatamento ilegal e a poluição por agrotóxicos na região.
Fonte: ANDES-SN