Xocós são homenageados em evento sobre indígenas de SE

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Atividade trouxe à tona pesquisa sobre os Xocós da professora Beatriz Dantas (Carolina Timoteo/ADUFS)
Atividade trouxe à tona pesquisa sobre os Xocós da professora Beatriz Dantas (Carolina Timoteo/ADUFS)

Na manhã da última terça-feira (21), no auditório da ADUFS, aconteceu a palestra "A jornada do povo Xocó", com a professora e antropóloga Beatriz Gois Dantas e lideranças do povo Xocó. O debate marcou o início da programação da jornada dos povos originários do Brasil.

A palestra apresentou a vasta pesquisa que a professora Beatriz Dantas desenvolveu entre os anos de 1969 e 1970 sobre os povos indígenas no território sergipano. O intuito foi valorizar a cultura dessas populações praticamente extintas, diante da escassa bibliografia historiográfica sobre esses povos na segunda metade do século XIX.

Conflitos envolvendo índios, missionários e fazendeiros foram constantes nas aldeias de Sergipe na primeira metade do século XIX, quando oficialmente se reconhecia a existência de cinco nações indígenas no estado.

Na regulamentação da propriedade fundiária (Lei de Terras, de 1850), determinou-se que os índios que estivessem há muito tempo em contato com os "civilizados" perderiam o direito à posse das terras coletivas que ocupavam. Em seguida, Governo decretou a extinção da Diretoria do Índios em Sergipe (1853), e a existência de índios passou a ser negada sistematicamente. No final do século, os registros oficiais já não fazem referência a índios em Sergipe, e os habitantes das antigas aldeias passam a ser referidos como caboclos.

"Aquilo que foi pesquisado sem intenção de subsidiar nenhum grupo indígena, visto que esses povos no estado eram tidos como extintos, anos mais tarde no envolver da história terminou sendo utilizada pelos próprios índios", ressaltou a professora Beatriz Dantas. 

A palestra também traçou paralelos da cultura Xocó entre 1979 (ano em que retomam a identidade) e 2019, tanto na prática de subsídio econômico da comunidade (pesca e cerâmica), como na religiosidade, educação e resgate político da indumentária com penas.

Após a exposição, as lideranças Cacique Lucimário Ba Xocó, o Pajé Jair Acácio Xocó e Josiane Acácio Xocó relataram a importância da pesquisa desenvolvida nos anos 70 para o resgate da cultura e identidade do povo e homenagearam a antropóloga com um canto do Toré. Beatriz Dantas também recebeu flores da professora Edineia Tavares em nome do NEABI/UFS.

Cortejo
Finalizadas discussões, os Xocós entoaram cantos do Toré e seguiram em cortejo com os participantes pela UFS até a Praça da Democracia, onde se encontraram com o povo Mbyá- Guarani e o povo Kaingang, ambos do Rio Grande do Sul, dando início às apresentações musicais do Sonora Brasil.

Até sexta (24), a semana reúne palestras, debates, oficina e exibição de filmes para se discutir a questão indígena no contexto das práticas e saberes também contemporâneos. A organização é uma parceria entre a UFS, o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI/ UFS), o Centro de Estudos de Ciências Humanas (CECH), o Sesc Sergipe, o Museu da Gente Sergipana e o Instituto Banese.

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