Continuamos sem possibilidade de relaxar o isolamento social em Sergipe, aponta estudo de grupo de pesquisa da UFS

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Cumprindo o importante papel de compreender a pandemia do novo coronavírus e apontar alternativas que tenham como objetivo a redução da propagação em Sergipe, o Grupo de Mecânica Estatística, do Departamento de Física da UFS, publicou, essa semana, uma Nota Técnica sobre a covid-19 afirmando que “será de grande importância a análise das nossas variáveis nos próximos dois dias, pois, mantidas as taxas atuais, sugerimos um possível lockdown no mínimo na capital de Sergipe”.

Elaborada pelo professor André Maurício, a Nota Técnica destaca como medida positiva a disponibilização de novos leitos hospitalares pelo Governo do Estado, mas, por outro, avalia como negativa a continuidade do crescimento de infectados no estado, com médias acima de 10% ao dia.

Frente a este cenário e considerando o número atual de pessoas contaminadas no estado e a taxa de letalidade em torno dos 2%, a Nota Técnica frisa que “continuamos sem possibilidade de aumentar o relaxamento das medidas de isolamento social”.

O estudo apresenta também uma comparação entre Aracaju e Luxemburgo, país-cidade europeu que tem um contingente populacional próximo ao de Aracaju, mas uma dimensão territorial inferior. “Pode ser uma surpresa ser feita uma comparação entre duas situações muito diferentes. Entretanto, acreditamos ser muito importante compararmos os dados de um determinado lugar com outros que passam pela mesma crise e que têm tomado decisões diferenciadas. Neste caso, não escolhemos outras cidades do Brasil por terem políticas semelhantes às nossas (...) é um país com área menor e população semelhante a Aracaju. A grande diferença está na economia”, diz André Maurício, explicando a escolha por Luxemburgo.

Com dados de infecções em mortes nos dois locais, a análise aponta que “ainda hoje Aracaju está com cerca de cinco vezes menos mortes causadas pelo Covid-19 do que Luxemburgo. Foram vidas poupadas em função da política de isolamento social adotada em Aracaju/Sergipe. A demora em entrar em isolamento social fez Luxemburgo passar por um mês de descontrole e houve aumento de casos positivos e mortes. Entretanto, ao entrar no isolamento, Luxemburgo manteve quase a totalidade de sua população em casa até a semana passada. Somente no dia 4 de maio, sessenta e três dias após o primeiro caso da epidemia, quando as taxas de novos casos já eram insignificantes, que Luxemburgo começou a liberar algumas atividades”.

A partir desses dados, a Nota Técnica aponta como conclusão que “de nada servirá qualquer política de isolamento/afastamento social, inclusive lockdown, a qual afeta terrivelmente toda nossa população, sem que tenhamos uma clara noção do momento certo de saída. Uma política que afeta as populações, privando-as de movimento e de possibilidades de sustento, não pode ser frágil”.

Acesse aqui a íntegra da Nota Técnica nº 2 sobre a pandemia de Covid-19 em Sergipe, elaborada pelo professor André Maurício, do Grupo de Mecânica Estatística, do Departamento de Física da UFS.

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