Nota sobre a tentativa de “assassinato” à Democracia na UFS

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As entidades que representam a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Sergipe e subscrevem essa nota vêm a público externar o sentimento de dano irreparável à boa imagem da UFS e ao conjunto das Universidades Públicas brasileiras, em um momento político em que tais Instituições de Ensino Superior deveriam ser o símbolo de resistência ao autoritarismo reinante no país e repudiar por completo a sessão do Colégio Eleitoral Especial da UFS, ocorrida nesta quarta-feira (15/07), conduzida de forma autoritária e antidemocrática por parte da atual gestão da UFS, uma eleição indireta da lista tríplice com nomes que ocuparão os cargos máximos dentro da nossa instituição.

Aproveitando-se da pandemia provocada pelo COVID-19, o atual Reitor da UFS convocou o Colégio Eleitoral Especial e, mesmo sob protestos da Comissão Eleitoral eleita em Assembleia Geral Universitária, das entidades acadêmicas e diversos Centros que compõem a instituição, realizou uma reunião remota “a portas fechadas”, na qual os Conselheiros e Conselheiras contrários ao evidente golpe em andamento foram escancaradamente silenciados pelo Reitor Ângelo Antoniolli. Entretanto, os membros do Conselho contrários ao golpe resistiram e denunciaram amplamente as manobras vergonhosas que estavam sendo utilizadas para dar continuidade a uma sessão que se mostrou, desde o início, uma "grande farsa", previamente preparada para ratificar a desastrosa votação que visava acabar com a democracia na UFS. Por sua vez, os Conselheiros e Conselheiras favoráveis ao golpe não tiveram coragem de sequer abrir o microfone uma única vez e essa postura mostrou a defesa do autoritarismo de tais Conselheiros, um silêncio covarde que diz muito sobre o que estava ocorrendo na referida reunião, vergonhosamente emudecidos, omissos e coniventes com o golpe.

Ao final do pleito eletrônico, frise-se, tal lista tríplice foi elaborada sem a participação da comunidade e teve como mais votados para os cargos de Reitor e vice dois candidatos que não fizeram parte do processo eleitoral levado a cabo pelas entidades através da Comissão Eleitoral da Consulta Pública, que ainda está em andamento.

A comunidade acadêmica da UFS não (re)conhece tais candidatos pois não estiveram em nenhum dos debates e, portanto, não sabe o que pensam sobre como gerir uma universidade, quais suas propostas, o que pretendem sobre nenhum assunto que nos diz respeito.

Lutaremos para que isso não ocorra pois, caso assumam, estaremos dando carta branca para representantes que não saberemos sequer o que planejam em relação ao ensino, à pesquisa e extensão, ao trabalho técnico e docente, numa conjuntura em que tanto se discute sobre o futuro do país.

Essa reunião foi um verdadeiro golpe contra a democracia universitária e em oposição a toda conquista civilizacional que representa o aprofundamento dos valores democráticos no Brasil e, particularmente, na UFS. Como se não bastasse isso, é preciso eternizar para a comunidade da UFS que esse golpe foi tramado e implementado por um Reitor quatro vezes eleito pela comunidade. O Reitor, portanto, assumiu, durante esse processo eleitoral, sua face golpista, oportunista e autoritária como um espelho do trágico governo atual.

Não nos cansaremos de denunciar isto, para que atos como esse não se repitam!

Diante de tais fatos e assumindo a responsabilidade que nos foi outorgada enquanto representantes legais de nossas categorias, continuaremos a defender as decisões pautadas na base da comunidade. Jamais recuaremos e a luta continuará! Não aceitaremos um Reitor eleito de forma indireta, sem apresentação à comunidade, sem que haja debate sobre seu projeto de universidade. Frisamos que uma administração dessa natureza sempre será compreendida como interventora, antidemocrática, e, portanto, ilegítima.

Não haverá paz até que a voz da comunidade acadêmica seja ouvida e respeitada. Tentaram "assassinar" a democracia nessa reunião, mas a defenderemos até o fim das mãos violentas da opressão e do oportunismo.

Seguiremos em frente, todas e todos unidos para fortalecermos a democracia na UFS e resistir a essas medidas retrógradas e autoritárias que nortearam essa eleição indireta que desrespeitou a tradicional Consulta Pública.

RESISTIR É FAZER REGISTRO HISTÓRICO E LUTAR DIARIAMENTE PARA NÃO DEIXAR QUE ISSO SE REPITA, para que as intercorrências antidemocráticas não alterem a tradição de participação popular na UFS, conquistada com muita luta, desde 1984.

 

São Cristóvão, 17 de julho de 2020.

Assinam esta nota:

AAU – Associação Atlética Universitária

ADUFS – Associação dos/as Docentes da UFS

APG – Associação de Pós-graduandos/as da UFS

DCE – Diretório Central dos/as Estudantes da UFS

SINTUFS – Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da UFS

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