Avaliando obediência de interventora ao MEC, docentes, estudantes e servidores da UFS definem ações contra a intervenção

Notícias

Um tom cordato, gentil, mas um discurso que carrega um conteúdo e uma percepção perigosas. Assim pode-se resumir a postura da interventora Liliádia da Silva Oliveira Barreto e do seu vice-interventor, Pedro Durão, na reunião realizada com a ADUFS, na última sexta-feira, 04/12.

A professora Andrea Depieri, uma das indicadas em Assembleia docente para representar a categoria na reunião, ressaltou que os interventores “apenas demonstraram disposição para conversar, mas não sinalizaram para nada concretamente e não apresentaram nenhum prazo sobre até quando ficarão e qual procedimento pretendem adotar, por exemplo”.

Com entendimento semelhante, o presidente eleito da ADUFS, Romero Venâncio, acredita que o posicionamento expresso na reunião é indício de uma postura de obediência ao Ministério da Educação. “Todas as vezes em que fazíamos questionamentos, a resposta era de que aguardariam orientação do MEC. Isso é emblemático de como será a relação com o Governo Federal. O MEC já anunciou que determinará o retorno das aulas presenciais em março. Isso significa que muito provavelmente a reitora também seguirá essa definição”, criticou.

O dirigente sindical acredita também que a intervenção na Reitoria da UFS é apenas parte de um cenário ainda mais grave. “Está em curso um projeto de extrema-direita para a UFS e as universidades públicas brasileiras. E a presença da interventora é também uma forma de pavimentar esse caminho”, alerta Romero.

As avaliações da reunião com a equipe interventora foram compartilhadas e discutidas em Assembleia Geral na manhã dessa quarta-feira, 09/12, quando os professores e professoras reafirmaram a necessidade de mobilizações contra a intervenção e em defesa da democracia e da autonomia universitária.

Visando intensificar essas ações, a Assembleia aprovou que a categoria docente apresentaria às demais entidades da comunidade acadêmica da UFS – em Plenária Unificada na tarde da quarta-feira, 09/12 – uma série de propostas.

Durante a Plenária, que teve a participação de professores/as, estudantes de servidores técnico-administrativos, muitas opiniões comuns no que diz respeito às pretensões do grupo interventor. “O discurso vem muito florido, mas é uma grande armadilha. Não há qualquer interesse da interventora em democracia na UFS”, afirmou Lucas Almeida, da Associação de Pós-graduandos/as (APG).

Para Mariana Isla, da Associação Atlética Universitária (AAU), “a interventora e o vice-interventor se apresentam como uma correria de transmissão do MEC e Bolsonaro e também das diretrizes do Banco Mundial, que há anos vem apostando na privatização do ensino superior público no Brasil. Ou seja, estão a serviço de um pensamento reacionário e de uma política neoliberal”.

Já Luis Felipe, do Diretório Central dos Estudantes, disse que “a interventora não problematizou a situação de gravidade da covid-19 e deu claros sinais de que seguirá os comandos do MEC, inclusive na possibilidade de retorno das aulas presenciais no meio da pandemia, o que a coloca ao lado do discurso negacionista da ciência, inclusive”.

Taira Moreira, do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação (SINTUFS), disse não ter dúvidas “da ausência de pretensão da interventora em sair do cargo, o que mostra o seu alinhamento com o MEC e Bolsonaro no projeto autoritário de desvalorização da ciência e desmonte da educação pública”.

Após debates sobre os desafios na defesa da autonomia da UFS, a Plenária indicou diversas sugestões de atividades coletivas, que serão encaminhadas nos próximos dias pelo Comitê Local de Mobilização e Luta, que reúne docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes. Uma das iniciativas propostas é a criação do Comitê Sergipano em Defesa da UFS e contra a Intervenção, como espaço de articulação da sociedade civil em reivindicação à democracia e à autonomia da única universidade pública sediada em Sergipe.

 

 

Veja também