Viver a UFS livre de violências: um direito das mulheres

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Na noite da última segunda-feira (20), a Casa das professoras e dos professores da UFS recebeu estudantes, servidoras/es e movimentos para o debate "Enfrentamento à violência contra as mulheres na UFS". Uma iniciativa da Adufs, do Coletivo de Mulheres da UFS Danielle Bispo e do Sintufs. 

Participaram da mesa a técnica-administrativa e coordenadora geral do Sintufs Juliana Cordeiro, a professora e secretária geral da Adufs Milena Barroso, a professora e integrante do Coletivo Danielle Bispo Vera Nubia e a doutoranda em Educação e integrante da Mandata Linda Brasil (PSOL) Dayanna Louise. A condução dos trabalhos foi feita por Verônica de Barros Santos, técnica-administrativa da UFS, militante do Sintufs e estudiosa das temáticas violência doméstica e reprentatividade das mulheres. 

Para Juliana Cordeiro, a violência institucional que as mulheres sofrem deixa marcas difíceis de tratar, especialmente porque afetam mais o campo emocional do que o físico. "Por isso a importância de falarmos desse assunto na Universidade. Uma violência que é não somente presencial, mas agora também é virtual. A gente tem ataques virtuais contra mulheres, como processos de difamação de estudantes, de docentes e técnicas. E como ampliou o leque dessas violências, nós precisamos de outra postura no enfrentamento", destacou. A coordenadora do Sintufs também pontuou que o cerceamento e as interrupções de fala das mulheres são comuns em reuniões dos Conselhos da Universidade. 

Ausência de dados

Um dos entraves para diagnosticar os problemas vivenciados pelas mulheres no cotidiano da UFS é justamente a ausência de dados. Segundo Juliana Cordeiro, o único dado que a UFS tem sobre as trabalhadoras da instituição refere-se a TAEs. Uma tabela onde constam os números de trabalhadores e a faixa etária: 1348 técnicos, 743 mulheres e 605 homens. "As mulheres não são iguais. Nós temos mulheres pretas, mulheres PCD's, mulheres mães, temos mulheres LBT's, etc. Todas essas mulheres têm demandas diferentes. Precisamos conhecer as especificidades para enfrentar os problemas e a UFS não conhece as mulheres que existem na instituição. E as terceirizadas?", reclama. 

Enquanto são escassos os mecanismos para tratar das desigualdades de gênero, as notícias evidenciam que a violência contra as mulheres cresceu. Segundo o Monitor da Violência do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma mulher foi morta no Brasil a cada 6 horas no ano de 2022.

Para a professora Vera Nubia Santos, do departamento de Serviço Social da UFS, é necessário um protocolo para tratamento dos casos de violência que acontecem dentro da Universidade, com a instituição de uma comissão específica que assegure direitos às vítimas. A docente aproveitou o debate para lembrar do brutal assassinato da trabalhadora terceirizada da UFS Danielle Bispo, ocorrido em 2013.

A doutoranda Dayanna Louise lembrou das barreiras e violências vivenciadas cotidianamente por mulheres trans, questões que vão da invisibilidade na pesquisa acadêmica ao uso de dos banheiros da instituição. São corpos que não aceitos e causam incômodos à Academia, lamentou a pesquisadora. 

A secretária geral da Adufs Milena Barroso frisou a importância da construção de uma frente de combate às violências sexistas na UFS, com a participação de toda a comunidade acadêmica. "Precisamos cobrar da instituição a construção de uma política de atendimento às mulheres, de  proteção às mulheres e de enfrentamento a essas violências", defendeu. 

É possível conferir todo o debate no canal da Adufs no Youtube: Enfrentamento à violência contra as mulheres na UFS.

Texto e imagens: Bárbara Nascimento (Ascom Adufs).

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