POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO E SEUS IMPACTOS NAS COMUNIDADES TRADICIONAIS É PAUTA DE SEMINÁRIO EM SE

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Está sendo realizado o Seminário Estadual dos povos e comunidades tradicionais de Sergipe. A atividade ocorre nos dias 18 e 19 de abril, no auditório do Sindicato das (os) Docentes da UFS (Adufs), em São Cristóvão (SE) e conta com apoio da Cáritas Alemã, Ministério Alemão, Adufs, Núcleo de estudos afro-brasileiros e indígenas da Universidade Federal de Sergipe (Neabi-UFS), Cáritas Diocesana de Propriá (SE) e Fórum dos Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe (FPCT-SE).

Com participação expressiva de pessoas das comunidades sergipanas, O primeiro dia do evento contou com análise de conjuntura política e uma mesa intitulada “Políticas de desenvolvimento e os impactos nas comunidades tradicionais sergipanas” – esta última integrada pelo professor Eraldo Ramos Filho, pelo representante da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), Marcelo Silva, e pela liderança quilombola, Magno Barros. A mesa teve mediação da professora doutora e presidenta na Adufs, Josefa Lisboa.

Maria José dos Santos é da comunidade quilombola de Brejão dos Negros e relatou a riqueza do seminário. “Está sendo um seminário maravilhoso com debates importantes, perguntas, provocações e respostas lançadas têm sido de grande importância. Sem dúvida alguma, o aprendizado é enorme e espaços de discussão e rodas de conversa como este são valiosíssimos principalmente porque somos várias comunidades e só sabemos o que o irmão sente se você conviver, escutar ou vivenciar a vida dele”, avaliou.

Para o secretário regional na Cáritas Nordeste 3, Jardel Nascimento, a atividade demonstra o compromisso da entidade com a ação transformadora da Igreja. “É importante que façamos nosso papel junto aos povos e comunidades tradicionais, num caminho de garantia de direitos, de lutas e conquistas coletivas em prol da equidade de gênero, de etnias e em defesa dos costumes e saberes tradicionais e dos territórios e biomas como um todo – tendo como norte a promoção do Bem Viver. Esse é o papel de Cáritas”, lembrou.

O professor Eraldo Ramos Filho é doutor em geografia, docente dos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia (UFS), coordenador no programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras de Sergipe e Bahia e pesquisador no Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso). Ele destacou que o conceito de desenvolvimento e as diferentes estratégias e formas de realização por meio de políticas públicas parece inadequado.

“As políticas de desenvolvimento são um artifício para garantir a expansão do capital projetando-se sobre o controle da terra, da água, do ar, portanto, do território. E o capital financeiro tem sido o principal agente no impulsionamento desse conjunto de políticas que explora recursos naturais, expropria as populações do campo das florestas. São políticas que têm o aval do estado e dos governos num caminho de flexibilização da legislação ambiental, de financiamentos e subsídios. E esse é um modelo que as populações do campo vêm sofrendo sendo atingidas diretamente em seus modos de vida”, explicou.



A presidenta da Adufs, professora Josefa Lisboa, ressaltou o compromisso da entidade com a defesa dos povos e comunidades tradicionais promovendo intercâmbio de saberes acadêmico e tradicionais. “Somos um sindicato classista de professores e compreendemos a necessidade de construir relações com movimentos sociais e outros sindicatos, bem como com quaisquer frentes que façam um confronto com os ataques que a classe trabalhadora em geral sofre, historicamente, e sofreu de forma mais intensa nos últimos seis anos. Os povos e comunidades tradicionais e o campesinato como um todo estiveram na linha de frente desses ataques.”, afirmou.

De acordo com a sindicalista, apoiar o debate e contribuir na promoção do evento dentro da Universidade é de fundamental importância. “Os povos tradicionais nos ensinam muito, sobretudo na resistência, produção de riqueza e para nós é um ganho imenso que estamos tendo com as comunidades tradicionais a partir do momento em que elas vêm até nós trazer seus problemas, nos alertar para o que estão fazendo e pedir essa contribuição da Universidade para a construção da sua política”, acrescentou Lisboa.

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Matéria: Rafael Lopes | DRT/BA 4882  || Fotos: Bárbara Nascimento | Registro Profissional 1916 DRT/SE

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