Novo semestre, problemas antigos: comunidade acadêmica sofre com a falta de estrutura da UFS

Notícias

Por Bárbara Nascimento (Ascom Adufs)

Em levantamento recente, organizado pela instituição britânica Times Higher Education (THE), a UFS conquistou a primeira colocação do Nordeste e também foi destaque nacional pela qualidade acadêmica, ocupando a sexta posição do Brasil no World Ranking University. O bom desempenho, no entanto, contrasta com problemas enfrentados pela comunidade acadêmica no cotidiano. Após o retorno das férias, as queixas em sala de aula e nos corredores se repetem. Salas com aparelhos de ar condicionado sem funcionar e sem sistema alternativo de ventilação e laboratórios com problemas estruturais são as principais reclamações.

 

O problema também tem sido ponto de pauta em reuniões de departamentos e centros. No Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, a questão foi discutida durante a primeira reunião ordinária de 2023, em 19 de janeiro. 

 

Segundo o professor e diretor do CCET Roberto Rodrigues de Souza, um relatório com os problemas encontrados no Centro foi encaminhado à Reitoria para que medidas pudessem ser adotadas pela gestão da Cidade Universitária. As questões também foram apresentadas em reuniões dos Conselhos Superiores, Consu e Conepe.

"Além da questão do ar condicionado e da falta de equipamentos como computadores, há problemas mais graves, como o afastamento de servidora por motivos de saúde relacionados à insalubridade no trabalho", disse o professor ao questionar a falta de planejamento da instituição no que diz respeito à manutenção do Campus.  

 

Em resposta aos problemas enfrentados na UFS, o reitor Valter Santana aparece em vídeo publicado na conta do instagram da Universidade, no dia 23 de janeiro, para explicar que “mesmo com a manutenção feita durante o recesso, a UFS teve problemas em algumas didáticas”. O reitor informou ainda que abriu novo processo licitatório para providenciar a compra de novos aparelhos de ar condicionado, limitando-se apenas a esse assunto. 

 

Pesquisas correm perigo
 

Enquanto a situação não melhora, o desânimo toma conta. A professora Shirley Andrade do Departamento de Direito afirma que “o problema da precarização do trabalho na UFS não é recente. Ele se agravou durante os anos do governo Bolsonaro, mas não é novidade”.
 

A professora lembra do esvaziamento de turma ao longo do período. Abandono gerado especialmente pelas insuficiências na política de assistência estudantil. A questão do transporte e da alimentação aparecem como fatores que implicam na evasão. "Alunos que precisam trabalhar reclamam das filas desumanas no restaurante, chegam atrasados na aula porque estavam na fila", lamenta Shirley.

 

Quanto ao trabalho docente, mais queixas são levantadas. "Hoje a gente precisa pagar para trabalhar para a UFS. Os professores que fazem pesquisa e extensão e, inclusive, quem trabalha na parte administrativa como eu, que sou coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica, precisamos muitas vezes trabalhar de casa com a nossa infraestrutura porque a UFS não tem condições de trabalho, como por exemplo a falta de acesso a internet. Como vamos trabalhar sem internet?", questiona. 

 

Nas palavras da professora, o diagnóstico que é sentido na pele por muitas e muitos. “Tem sido difícil permanecer na UFS, não temos bolsas, não temos computadores, não temos internet, o restaurante tem problemas. Eu tenho muito orgulho de fazer parte da UFS, é uma Universidade séria, que tem fomentado questões importantes, só que há muitos dilemas. Eu sou resultado do programa de iniciação científica, me tornei pesquisadora por conta desse programa, mas hoje não consigo visualizar que meus alunos e alunas sejam”, conclui Shirley.

 

Se mesmo distante das condições ideais de ensino, pesquisa e extensão, a Federal de Sergipe é destaque nacional e internacional pelos resultados acadêmicos, não é difícil imaginar que com investimentos adequados e diálogo com a comunidade, outra Universidade seja possível. 

 

Veja também