Não à Intervenção! Entidades lançam Comitê em defesa da Autonomia e Democracia na UFS

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Respeitando as medidas de distanciamento social e uso de itens de proteção, como máscaras e álcool em gel, representantes de movimentos sociais, entidades sindicais e organizações populares participaram do lançamento do Comitê contra a intervenção e em defesa da Autonomia e da Democracia na UFS, na manhã dessa segunda-feira (18/01).

Para a professora Josefa Lisboa, vice-presidenta da ADUFS, a diversidade de segmentos que integram o Comitê expressa “o respeito e cuidado que a sociedade tem com essa instituição, que é o seu patrimônio, que é a única universidade pública no estado e, por isso, deve mesmo ser sempre cuidada por nós”.

No entendimento da dirigente sindical, a defesa da democracia na UFS é necessária porque há uma incompatibilidade entre intervenção governamental e o próprio fazer da universidade pública. “Autonomia universitária, liberdade de expressão, liberdade política e liberdade pedagógica são condições para que as instituições possam produzir uma ciência livre de interesses corporativos e de grupos políticos que estão no poder, nos diferentes momentos. Por isso, dizemos não à intervenção do Governo Federal, que desrespeita o método coletivo da UFS de escolher os seus gestores”, frisou Josefa.

De acordo com José Alvino Filho, da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Sergipe (OAB-SE), a intervenção na UFS fere a soberania da Constituição Federal. “Este processo de intervenção é preocupante, é um fato inédito desde a redemocratização, quando promulgada a Constituição de 1988. A autonomia das universidades ficou consagrada como uma cláusula fundamental”.

Também durante a atividade, Wagner Vieira, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da UFS (SINTUFS), denunciou que, até o momento, a interventora indicada pelo Ministério da Educação não apresentou qualquer proposta de calendário eleitoral para a Reitoria da instituição. “A justificativa dela [interventora] para estar na reitoria é de fazer uma eleição, mas até agora a gente não viu nada referente a esta eleição. Quando questionamos sobre o calendário e como funcionaria esta eleição, ela respondeu: depende do MEC. Perguntamos: vai ter aula presencial? De novo ela responde: depende do MEC. Então é uma pessoa que não foi eleita e não tem responsabilidade com a comunidade universitária”, criticou.

Relembre

Em 23 de novembro do ano passado, conforme publicação no Diário Oficial da União, o Ministério da Educação nomeou Liliádia da Silva Oliveira Barreto como reitora pró-tempore da instituição.

No mesmo dia, uma Assembleia da ADUFS, com a presença de 103 docentes, aprovou por unanimidade o posicionamento contra qualquer intervenção – interna ou externa – e em defesa da autonomia e democracia universitária.

Também na Assembleia de 23/11, as professoras e professores reafirmaram a defesa da Consulta Pública para a Reitoria, realizada pelas entidades que representam a comunidade acadêmica da UFS, entre dezembro de 2019 e agosto deste ano.

Ainda nas discussões de 23/11, foi aprovado que a Diretoria da ADUFS solicitasse uma reunião com a reitora pró-tempore, o que não significava o reconhecimento da interventora, mas como uma forma de ouvir da nomeada pelo MEC se havia disposição em formar uma lista tríplice respeitando a Consulta Pública ou se o desejo era de implementar uma política desrespeitosa à comunidade acadêmica.

A intervenção do MEC na Reitoria da UFS, imediatamente, gerou uma série de manifestações de repúdio de entidades da sociedade civil. E no dia 27/11, por iniciativa da ADUFS, ocorreu uma Assembleia de Movimentos Sociais em defesa da UFS e contra a intervenção, com a presença de 90 pessoas.

A reunião com a interventora aconteceu no dia 4 de dezembro e foi avaliada pela categoria em nova Assembleia Geral, na manhã do dia 09/12. De um modo geral, o entendimento foi de que a interventora assumiu uma postura submissa e de total obediência às definições do MEC, logo de desrespeito à comunidade da UFS.

Nesse mesmo dia, à tarde, uma Plenária com a participação de professores/as, estudantes e servidores técnico-administrativos, indicou diversas sugestões de mobilização e luta, a exemplo da criação do Comitê Sergipano em Defesa da UFS e contra a Intervenção, como espaço de articulação da sociedade civil em reivindicação à democracia e à autonomia da única universidade pública sediada em Sergipe. Imediatamente após as férias coletivas de janeiro, o lançamento do Comitê foi realizado, em atividade no Hall da Reitoria na manhã de 18/01.

Acesse os links abaixo e confira matérias anteriores com o detalhamento de todas essas mobilizações

https://adufs.org.br/conteudo/1998/docentes-da-ufs-aprovam-acoes-contra-a-intervencao-e-em-defesa-da-autonomia-e-democracia-na-universidade

https://adufs.org.br/conteudo/2000/organizacoes-da-sociedade-se-posicionam-contra-intervencao-na-ufs

https://adufs.org.br/conteudo/2003/adufs-articula-diversas-vozes-coracoes-e-mentes-contra-a-intervencao-na-ufs-e-em-defesa-da-autonomia-universitaria

https://adufs.org.br/conteudo/2010/avaliando-obediencia-de-interventora-ao-mec-docentes-estudantes-e-servidores-da-ufs-definem-acoes-contra-a-intervencao

 

 

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